RotaWeeb: Slayers e a revista Dragão

Marcelo Hagemann Dos Santos
13 min readJul 2, 2019

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Nada surge do vaco. Tudo que há possui uma origem, uma história, o seu motivo de ser. Nessa série de textos, que não pretendo publicar com periodicidade definida, buscarei em minhas memórias lapsos temporais que, de forma ou de outra, marcaram minha infância e adolescência e — por bem ou por mau — contribuíram para a formação de meus interesses como consumidor de animes.

A nostalgia não é o objetivo dessa série, ainda que essa seja inevitável, muito menos a mera revisitação do passado, mas sim a criação de uma ponte entre ele e o presente, para que assim possamos entender um pouco melhor de onde surgiram os meus interesses pela mídia, como eles se transformaram com o passar de meus anos, e o porquê d’eu enxergar as coisas como eu enxergo.

Em outras palavras, o objetivo dessa série de textos é aproximar quem se dá o trabalho de ler os meus textos de mim mesmo, trazendo o que eu tenho de referência para essas pessoas e, para não perder a viagem, falar de animes e séries que raramente entram em pauta nos dias de hoje.

E foi com essa piscadinha que tudo começou…

Se você viveu nos anos 90 ou no início dos anos 2000 sabe que o contato com o que chamamos orgulhosamente de cultura nerd nessa época era bem diferente do contato que temos hoje em dia. Principalmente se você foi uma das muitas crianças que, assim como eu, morava fora de uma capital.

Mas não entenda mal, sites, blogs e fóruns sobre o assunto, inclusive em português, já existiam aos montes nessa época, eles apenas não eram tão conhecidos e acessados como são nos dias de hoje. Você sabe, a internet ainda não havia deslanchado, e, ainda que já fizesse parte da vida de muita gente, não existia uma rede social em que as pessoas compartilhassem de tudo para todos.

Dessa forma, para acessar um endereço em específico era necessário que alguém o apresentasse para você, ou descobri-lo por conta própria, uma tarefa que, pela baixa velocidade de conexão que tínhamos e pela forma fragmentada em que a internet se estruturava, era bastante trabalhosa, demorada e pouco produtiva. Algo que apenas se agravava pelo fato de que grande maioria dos jovens de minha idade tinham que dividir o acesso ao computador, e consequentemente à internet, com as outras pessoas de sua casa.

Por esse e outros motivos, ainda era no mundo físico em que o jovem de dessa época podia entrar em contato com algum tipo de material verdadeiramente informativo acerca de seus tópicos de interesse. Essas eram as revistas.

Entretanto, nunca tivemos acesso pleno a essas revistas porque, bom, a vida em cidade do interior é assim. Não era todo dia que uma criança que não era dona do próprio dinheiro podia visitar uma papelaria e sair com um exemplar novo de sua revista preferida. Além disso, não era sempre que o tio da banca tinha bons exemplares a disposição, já que poucas pessoas tinham interesse nesse tipo de conteúdo.

Por conta desse limitado acesso a revistas, a quantidade de textos sobre assuntos que realmente interessavam era pequena, fazendo com que um seleto número de revistas fossem lidas e relidas várias e várias vezes ao decorrer do mês, até que elas finalmente começassem a rasgar e definhar de tanto os dedos passarem por suas páginas.

Felizmente, o exemplar que motiva a escrevinhação desse texto continua vivo, e relativamente inteiro. Mas garanto que ele fora lido e relido tantas vezes quanto qualquer outra revista que repousou nas prateleiras ou armários de meu quarto.

Especificamente, falo da relativamente recente edição de número 104 da revista Dragão Brasil, publicada no começo de 2004, pela editora Talismã, cuja capa apresentou-me à infame Lina Inverse.

Para quem não conhece, a revista Dragão Brasil era uma das poucas que revistas que tratavam de RPG nessa época, e constantemente traziam artigos a respeito de series, filme e animes que eventualmente protagonizavam a capa das edições.

Não lembro exatamente como esse exemplar em específico chegou em minhas mãos, porque nunca cheguei a jogar RPG com meus colegas do fundamental, ou do ensino médio. Mas eu possuía um ou outro livro sobre o assunto e lembro que houve uma feira do livro no Colégio em que estudei que tinha uma bancada dedicada a artigos de RPG. Provavelmente o comprei ali, mas não é uma certeza.

O que importa é que nunca me arrependi de comprar esse exemplar. Alguns artigos ali são interessantes, como a discussão a respeito do bem e sobre mau em mundos de fantasia, e o papel do guerreiro dentro da ficção. E, principalmente, porque foi essa edição que despertou em mim uma vontade que por muito tempo não foi saciada: Assistir ao anime Slayers.

Demorou bastante, 15 anos de fato, mas essa vontade finalmente foi realizada esse ano de 2019. E há alguns motivos para eu ter demorado tanto.

O primeiro deles está na época em que eu adquiri a revista. Afinal, em meus 12 ou 13 anos, apesar de já gostar bastante dessas animações japonesas, nunca passara pela minha cabeça que baixar anime sequer era uma possibilidade. Para mim, e para a maioria dos adolescentes da época, o que passava na TV e o que podíamos alugar na locadora era o que tínhamos a disposição.

E é claro, nem preciso mencionar que nunca vi Slayers na locadora perto daqui de casa — que surpreendentemente ainda existe, apesar de bem menor do que já foi. Além disso Slayers passou na televisão brasileira uma vez, algo que a própria revista menciona, pela Band, mas bem antes d’eu ter conhecimento da existência da série lá por 2004.

Em segundo lugar… Cara, você sequer conhece alguém que já assistiu Slayers? Pois é, eu também não, além de mim — e agora — é claro. Slayers não é exatamente um anime popular aqui no Brasil, ele não é visto como um dos clássicos animes dos anos 90, e por isso as pessoas não falam sobre ele mesmo em comunidades voltadas para discutir animes.

Fora isso, o anime é bastante longo, são cinco temporadas sendo que as três primeiras foram exibidas na metade dos anos 90, e cada uma tem 26 episódios, e as duas últimas são de 2007, e cada uma tem 13 episódios, totalizando 104 feitos para televisão. Isso sem contar os cinco filmes, e os seis OVAs.

Sabe, eu até lembrava que Slayers existia de vez em quando. Mas bastava olhar para a longa lista de episódios, a quantidade e títulos e subtítulos e a desordem em que tudo aquilo parecia estar… acho que podemos dizer que batia uma preguicinha em começar tudo aqui.

Mas finalmente coloquei a preguiça de lado, afinal completo 28 anos logo mais e resolvi que essa é uma boa hora para conhecer, de uma vez por todas, todos aqueles animes clássicos que, por um motivo ou por outro, nunca cheguei a ver. Pois é, Slayers foi o primeiro deles.

E como estou arrependido de não ter feito isso antes.

O anime de Slayers é muito divertido e envolvente por diversos aspectos. O primeiro dele é o senso de humor. Uma coisa que nunca imaginei enquanto lia e relia o artigo sobre Slayers na revista Dragão é o quão bem a série mescla sua veia humorística e satírica com a trama séria e a grande jornada pela qual os heróis do anime percorrem, de forma que eu não sinto que o artigo tenha feito jus ao anime.

E o motivo disso é até bastante óbvio, esse nunca foi o objetivo. Analisar, criticar, ou mesmo recomendar a série para quem pudesse ter interesse nela nunca foi o foco desse artigo, afinal a revista Dragão era uma revista sobre RPG, o objetivo dela sempre foi ajudar jogadores de RPG a criarem e desenvolverem as suas próprias aventuras.

Isso fica bastante óbvio lendo o próprio artigo. São duas páginas trazendo o contexto do anime, apresentando sua grande quantidade de episódios e filmes. Meia página apenas para descrever o mundo em que se passa a série, outra falando apenas dos personagens, outras duas páginas explicando como a magia funciona dentro da série para enfim terminar o artigo com nada menos do que nove páginas listando e descrevendo todas as magias que aparecem em toda a franquia Slayers.

Observe que nessa lista não há nem sequer uma menção a qualquer elemento narrativo da série. A trama não é citada, as motivações dos protagonistas mal são mencionadas, os vilões são praticamente ignorados e não há nenhuma referência a própria progressão e desenvolvimento narrativo da série.

Então, por que o contato com esse artigo fora tão importante para mim?

Bom, por dois motivos, o primeiro é que o artigo destaca algo que ainda é bastante atual: A proximidade que animes possuem com jogos e vídeo-games, em particular com jogos de RPG.

Basta olhar para os animes mais populares dos dias de hoje, sejam isekais ou mundos de fantasia, a maioria deles trás consigo sistemas e mecânicas que dialogam diretamente com a literatura de Token — a maior influência em termos de fantasia e RPG hoje em dia — ou com o que temos de mais usual em MMOs e jogos de ação e aventura. Uma tendência que já estava em alta lá nos anos 90.

E é claro, eu não enxergaria essa relação entre as duas mídias da mesma forma que enxergo hoje se esse artigo não passasse em minhas mãos, principalmente em relação ao uso de magias e poderes nessa mídia que tanto amamos.

Além disso, apesar de não fazer um bom trabalho em dizer sobre o que se trata Slayers, quando eu finalmente assisti a série não senti que os personagens, principalmente Lina, Gourry e Nahga, eram novos para mim. Pelo contrário, o sentimento fora muito próximo ao de encontrar pela primeira vez alguém que já se conhece há mais tempo.

Se por algum motivo estranho você ao ler a minha história se interessou em assistir o anime Slayers, quer saber do que se trata, ou não sabe bem por onde começar, aqui vai uma pequena ajuda:

Podemos dividir a franquia Slayers em dois grupos: A série animada e os filmes/OVAs.

A série animada conta a história de Lina Inverse, uma maga ganaciosa e poderosa, conhecida por todo continente por sua crueldade e impiedade contra bandidos e dragões. Ela é um dos poucos humanos da terra habilidosos o bastante para conjurar o feitiço Dragon Slave, que é capaz de derrotar as mais poderosas criaturas, e destruir cidades, de uma vez só. (E é uma das referências possíveis para o Explosion da Megumin de Konosuba)

Lina, no começo da série, em busca de riquezas, ataca um grupo de bandidos, e toma deles diversos tesouros e entre eles um artefato tão poderoso e valioso que supostamente seria a chave para invocar o Lord Negro Shabranigdo, que recebe a cunha de Ruby Eye.

Nesse meio tempo Lina se encontra com o incrivelmente forte e talentoso, mais igualmente burro, espadachim portador da lendária espada de luz, Gourry Gabriev, que a confunde com uma jovem desprotegida e a salva de um grupo de bandidos que busca vingança por ela ter destruído o esconderijo do bando. (Mais provável que o Gourry tenha salvado os bandidos da Lina)

Juntos os dois enfrentam o misterioso Zelgadis Gleywords, um jovem que fora transformado em uma quimera contra a sua vontade e que busca reverter essa transformação, e vê no artefato que Lina carrega a possibilidade de atingir tal objetivo. Inicialmente, Zelgadis é visto como inimigo pelo grupo, e primeiro vilão desse arco inicial, mais que no desenvolver da trama acaba se juntando à dupla e se torna um dos companheiros de aventura de Lina, uma vez que o jovem quimera também deseja impedir que Ruby Eye seja liberto de seu selo.

O verdadeiro vilão desse primeiro arco é na verdade Rezo, o chamado Clérigo Vermelho, conhecido por ser um dos cinco magos mais respeitados em todo continente e responsável por diversos milagres. Não apenas Rezo deseja invocar Shabranigdo como é o responsável por transformar Zelgardis em uma quimera. E escrevo isso aqui porque em momento algum o anime esconde esse plot twist, na verdade ele até brinca com o fato de que Rezo é obviamente um dos vilões da série.

Seu objetivo em invocar Shabranigdo é na verdade bastante simples, Rezo é além de mago cego, e apesar de ser capaz de dar luz aos olhos de outras pessoas, e fazer todo tipo de milagre, Rezo é incapaz de curar a própria cegueira. Por isso Rezo tenta das diversas formas, busca todo tipo de conhecimento, para poder enxergar, mas nada funciona.

Até que finalmente Rezo perde a sanidade e decide invocar o Lord Negro para receber dele o tom da visão, algo que poderia trazer o fim do mundo. E por ironia da trama, Ruby Eye estava selado justamente nos olhos de Rezo, de modo que, assim que Rezo conseguiu enxergar o mundo pela primeira vez, seu corpo fora possuído pelo lord das trevas, e Shabranigdo invocado.

Agora cabe Lina, Gourry e Zelgadis impedir que o mundo seja destruído nas mãos desse lord das trevas, mas há um problema: Nem mesmo o Dragon Slave, ou qualquer magia xamânica de Zelgadis ou a lendária espada de luz são capazes de ao menos ferir o demônio. E a razão para Dragon Slave não ter qualquer efeito em Shabranigdo está em seu encanto: (Tradução livre)

Aquele que é mais escuro que o crepúsculo
Aquele que é mais vermelho do que o sangue fluente.
Enterrado pela correnteza do tempo
Eu vosso nome,
Eu me entrego a escuridão
Aqueles que ficaram em vosso caminho
Todos aqueles que se tornaram tolos
Junte o teu poder e o meu
Para conceder a destruição igualmente a todos!!
DRAGON SLAVE!

“mais escuro que o crepúsculo” “mais vermelho que o sangue”, em outras palavras o encanto se refere ao próprio Ruby Eye, Dragon Slave é nada menos do que um feitiço que conjura os poderes do lord Negro e, nas palavras na da própria Lina, atacar o Shabranigdo com esse feitiço é o mesmo que dizer: Por favor, me ajude a derrotar você! E obviamente que isso não funciona.

Mas então o mundo acaba ai? Bom, não, estamos só no episódio 10, calma lá, tem mais um monte de coisa pela frente.

Isso, Lina resolve fazer o que é mais lógico, se Dragon Slave não é capaz de derrotar o Shabranigdo porque, afinal, é a magia dele, então basta usar um feitiço que invoque o poder de um lord ainda mais poderoso para acabar com ele. Com isso somos apresentados ao Giga Slave, uma versão ainda mais poderosa que o Dragon Slave, que retira seu poder do Lord dos pesadelos (Lord demônio dourado), um feitiço tão poderoso que se for conjurado sem o total controle do mago pode trazer o fim do mundo.

O lógico, não é mesmo?

E de fato, com esse novo feitiço Lina consegue derrotar Shabranigdo, mas a série não trata o feitiço como um trunfo, como uma técnica que vai estar sempre disponível a todo momento em que Lina enfrentar um oponente superpoderoso. Não, uma das coisas interessantes da série é que Lina constantemente é posta em situações em que ela ativamente para e pensa: Ok, como eu derroto esse cara sem apostar o mundo todo?

No mais a série repete a formula apresentada até então: Sempre há um chamado para a aventura, e o no final de cada aventura há um inimigo ainda mais poderoso que o anterior, que Lina deve se desdobrar, usando todos os recursos disponíveis para derrotar e evitar que o mundo seja destruído.

Pode parecer cliché (E, bom, é pra caramba), mas cada encerramento de temporada, cada final de arco, é grandioso e satisfatório. E isso é uma das coisa que sinto falta nos filmes.

E por falar neles… Os filmes se passam, cronologicamente falando, antes da série animada, antes de Lina conhecer Gourry, quando ela já era conhecida como uma maga encrenqueira, mas ainda não tinha a fama de destruidora de bandidos em dragões.

Diferente da série, os filmes não seguem nenhum arco narrativo, de modo que é possível assistir qualquer um deles a ordem que você quiser (com exceção do quinto filme, de 2001, que é mais um episódio extra da série pra TV). Aqui cada um é uma história completa, satirizando os mais diversos clichés de aventura de RPG.

Um dos pontos fortes dos filmes é certamente a animação. Mesmo comparado com as temporadas mais recentes da série, os filmes são muito mais bonitos, o movimento de tudo é mais fluído, e o próprio design das roupas da Lina é mais interessante aqui.

Além disso, Lina é acompanhada — às vezes contra a sua vontade — por Nagha, a Serpente, uma maga que se proclama rival de Lina e é tão poderosa quanto a nossa protagonista.

Nagha, diferente dos companheiros de viagem de Lina na série, é o exato oposto de Lina em diversos aspectos. Enquanto Lina é bastante modesta, tanto no modo de se vestir, como no volume de seu corpo, e é relativamente falando uma pessoa bastante pé no chão, Nagha é… Bom, creio que é melhor mostrar do que descrever nesse caso.

Arte de Minaba Hideo para o jogo de celular Granblue Fantasy. E sim, Gourry e Lina também foram incluídos em Granblue Fantasy.

Como é possível observar, o design de Nahga é baseado nas tradicionais vestimentas de magos negros, e uma óbvia sátira a esse cliché. Entretanto, a personalidade de Nahga é ainda mais chamativa do que suas próprias roupas, afinal, ela está sempre gritando com Lina, falando seus planos em voz alta e, PRINCIPALMENTE, ela tem a melhor risada de ojou-sama que eu já vi em um anime. Podemos agradecer a Maria Kawamura por essa.

E digo mais, Nahga não tem apenas uma risada de ojou-sama perfeita, como ela assume esse papel perfeitamente, uma verdadeira rainha, orgulhosa e bastante arrogante. É realmente uma pena que ela não apareça na série para TV, mas eu posso imaginar o porquê da decisão de não incluí-la em carne e osso (E sim, isso é tecnicamente spoiler.)

Por fim, é difícil dizer qual é a melhor maneira de se assistir Slayers, se se deve começar pelos filmes, ou assistir a série primeiro, ou intercalando um com o outro.

Eu particularmente assisti primeiro a série e depois assisti os filmes, mas não creio que essa foi a melhor maneira de se consumir a franquia, mas, de qualquer maneira, segue a baixo três listas. Quem sabe uma dessas listas ajuda.

Ordem das temporadas

— Slayers
— Slayers Next
— Slayers Try
— Slayers Revolution
— Slayers Evolution-R

Ordem de Lançamento

1995:
Slayers

1996:
Slayers Next 01–16
Slayers Book of Spells 01
Slayers Next 17
Slayers Return
Slayers Next 18–26
Slayers Book of Spells 02

1997:
Slayers Try 01–08
Slayers Book of Spells 03
Slayers Try 09–18
Slayers Great
Slayers Try 19–26

1998:
Slayers Gorgeous
Slayers Excellent

2001:
Slayers Premium
2008:
Slayers Revolution
2009:
Slayers Evolution-R

Ordem Cronológica

— Slayers Excellent
— Slayers Book of Spells
— Slayers Perfect
— Slayers Return
— Slayers Great
— Slayers Gorgeous
— Slayers
— Slayers Next
— Slayers Premium
— Slayers Try
— Slayers Revolution
— Slayers Evolution-R

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Marcelo Hagemann Dos Santos
Marcelo Hagemann Dos Santos

Written by Marcelo Hagemann Dos Santos

Rapaz de humor duvidoso que entrou essa de escrever sobre animes recentemente. Ex-aluno de filosofia e graduado em Letras, mas sempre estudando.

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